O núcleo de Ópera da Bahia abre a temporada deste ano com a turnê da Ópera dos Terreiros, uma homenagem à cultura afro-brasileira. O espetáculo é inspirado no clássico “Romeu e Julieta” de Shakespeare e conta a história de um amor proibido entre um negro banto e uma negra nagô, cujos destinos se cruzam na formação do Brasil colonial, como explica o maestro Aldo Brizzi.
“É uma operação ousada onde se junta o canto lírico da ópera tradicional, o batuque de terreiro de candomblé, atabaque e música eletrônica. Essa junção vai dar essa novidade que é uma ópera em todos os sentidos, com um drama que se desenvolve, como assistir a um filme com um personagem, que é um banto, é um managó, que são grupos que não se davam muito bem no começo de 1800, onde se a a história. É o Romeo e Julieta, na Bahia de 1840.”
Segundo o maestro, o enredo da ópera é envolvente. No espetáculo, a força dos orixás e rituais afro-brasileiros se entrelaçam ao imaginário shakespeariano, guiando os amantes por um caminho de resistência e paixão. Na história cantada, as divindades Exú, Oxum, Iansã e Dona do Tempo influenciam os rumos de uma jornada de luta e magia.
“Como todo drama de Shakespeare, eu e Jorge Portugal inventamos seres intangíveis que costuram a história e determinam os rumos dos personagens. Então tem um Exu, tem a Dona do Tempo, tem um ancestral, que é o banto para protagonista, que aparece em sonho e que conta a beleza da terra de origem, que é Angola. Têm uns sonhos, que é um samba de todos os nagos, um hino à felicidade de ser, de viver, mas ao mesmo tempo uma grande saudade do Benin, que é o lugar de onde chegaram da África. E no meio de tudo isso, um drama com um protagonista capturado por um capital do mato e com momentos de grande momento lírico, de amor, por exemplo, os encantos de Oxum.”
A apresentação faz parte do Festival Ópera Nordeste, o Fopen, e nesta terça-feira acontece no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju; na quinta-feira, no Teatro Gustavo Leite, em Maceió; e nos dias 16 e 18 de março, no Cineteatro 2 de julho, em Salvador, sempre às 19h.